Porto à Deriva – exercício de reinvenção da cidade subjetiva


Apresentamos a exposição Porto à Deriva – exercício de reinvenção da cidade subjetiva que estará aberta para visitação na galeria do Museu de Arte e Cultura Popular – MACP da Universidade Federal de Mato Grosso.

O acervo foi criado coletivamente a partir do projeto Porto à deriva, nascido no SESC Arsenal em 2009, para incentivar a pesquisa sobre cidade e intervenções urbanas. O acervo esteve em exibição no SESC Arsenal e no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá – MISC, e em cada uma das exposições a montagem foi adaptada ao espaço, permitindo leituras diversas. Nesta itinerância teremos cerca de 200 fotografias, um videoarte, textos e diversos objetos compondo instalações.

O Porto à deriva aglutinou pessoas envolvidas com as artes plásticas, teatro, música, dança, audiovisual, saúde, ONGs, bem como, ativistas independentes e pessoas preocupadas com o espaço onde vivem.

Sob orientação da pesquisadora e professora da UFMT Drª. Maria Thereza Azevedo foram realizados exercícios para construção de um olhar sobre a região do Porto, a partir de experiências inspiradas no Movimento Situacionista tendo como referência os conceitos de deriva e situação e os estudos sobre cidade subjetiva de Felix Guattari. Ressalta em sua metodologia os processos colaborativos e o conceito de polifonia de Bakhtin, por compreender a cidade como uma multiplicidade de diferentes vozes.

grupo Batuque Nauá

O conjunto de imagens, textos, sonoridades e objetos trazem um recorte múltiplo sobre o bairro do Porto, repleto de histórias e contrastes. O mapa do Porto será um dos vetores da mostra, foi reordenado e ressignificado pelas ações integrantes do projeto: Derivas pelo Porto e intervenções Livre Mercado e Sombra e água fresca, respectivamente no Mercado Municipal e no Museu do Rio.

No dia 31 de março às 20:00 no Instituto de Linguagens da UFMT aguardamos a presença do público para celebrar a abertura da exposição com um cortejo que irá percorrer o campus até o MACP com a presença do grupo musical Batuque Nauá.


Curadoria: Maria Thereza Azevedo
Produção: Caroline Souza
Imagem: Junior Silgueiro

Período: 31/03 a 30/04/2010
Visitação de segunda a sexta-feira das 08:00 às 11h:0 e das 13:30 às 17:30
Entrada Franca
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Edital para certificação de habilidades específicas para o curso de Música

INGRESSO 2010
CEV divulga edital para certificação
de habilidades específicas para curso de Música


A Coordenação de Concursos e Exames Vestibulares (CEV) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) publicou edital Complementar com as normas, rotinas e procedimentos para a Segunda Certificação de Habilidades Específicas, referente ao Processo Seletivo da UFMT de 2010, para ingresso no curso de Licenciatura em Música. As inscrições poderão ser feitas somente via Internet, no endereço eletrônico www.ufmt.br/vestibular, no período compreendido entre 8 horas do dia cinco de abril 2010 e 23h59 do dia sete de maio.

Poderão participar do processo de certificação somente os candidatos que optaram pelo curso de Licenciatura em Música na Primeira Etapa, na Segunda Etapa ou na Etapa Suplementar de inscrição do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC), tanto os convocados para matrícula quanto os constantes das listas de espera, que não possuam o Certificado de Habilidades Específicas em Música expedido pela UFMT ou por outra instituição pública de ensino superior.

A partir do dia cinco de abril estará disponível na Internet, no endereço eletrônico www.ufmt.br/vestibular, a relação das peças a serem utilizadas no teste de execução. O candidato deverá escolher uma delas, de acordo com sua opção de instrumento.

A partir do dia cinco de abril estará disponível na Internet, no endereço eletrônico www.ufmt.br/vestibular, a relação das peças a serem utilizadas no teste de execução. O candidato deverá escolher uma delas, de acordo com sua opção de instrumento.

Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (65) 3615 8405, 3615 8406 e 3615 8427.

Confira a íntegra do edital
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Recital de Piano (25/03/2010)


A professora Taís Helena Palhares Foloni de volta ao Departamento de Artes apresentou seu recital final de doutoramento no auditório do Instituto de Linguagens. No programa constavam as peças:

Minúscula I, II, II, V e VI de Guerra-Peixe
Cirandas nº4 (o cravo brigou com a rosa - sapo jururú) de H. Villa-Lobos
Historietas Maravilhosas II: branca de neve de Lorenzo Fernandez
Crianças Brincando de Francisco Mignone
Valsa da dor de H. Villa-Lobos.

Taís Foloni possui graduação em Educação Artística Habilitação Em Música pela Universidade Federal de Uberlândia (1993) , especialização em Música e Indústria Cultural pela Universidade Federal de Uberlândia (1996) , mestrado em Música pela Universidade Federal de Goiás (2002) , curso-tecnico-profissionalizante pelo Conservatório Musical Carlos Gomes (1987) , curso-tecnico-profissionalizante pelo Colégio Técnico Soares de Oliveira (1988) e aperfeicoamento em Música Brasileira pela Universidade Federal de Mato Grosso (1996) . Atualmente é Professora Assistente da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Artes , com ênfase em Música. Atuando principalmente nos seguintes temas: educação musica-bebês-contexto social.

Sua tese de doutoramento versa sobre "O desenvolvimento cognitivo-musical de dois bebês entre 3 e 18 meses de idade: um estudo de caso".

Agradecimentos:

Coordenação de Ensino de Graduação em Música
Departamento de Artes
profa. Eda do Carmo
prof. Abel do Santos
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Prática em Conjunto Coral (2010/1)

Coral Universitário da UFMT (foto ilustrativa)

No semestre que se inicia (2010/1) será ofertada a disciplina Pratica em Conjunto Coral com a professora Helen Luce. Todas as quartas e sextas às 17:00hs. Todos os alunos estão convidados, inclusive aqueles que já fizeram a disciplina (devendo apenas verificar se não ocorrerá choques com outras disciplinas no horário). Todos que concluirem a disciplina receberam ao final a certificação de participação pela Coordenação, auxiliando também na efetivação das horas de atividade complementar que é preciso para colar grau no fim do curso.

Abraços
Ticiano Rocha
Coordenador do Curso de Música
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Grupo Urutau


O Grupo Urutau nasceu na metade de 2009, primeiramente da vontade dos membros do grupo, todos acadêmicos de música da UFMT, de exercitar a prática musical. Com o tempo, as composições foram acontecendo e a sonoridade diferenciada criou a excitação do grupo em extrapolar as salas de estudo. Hoje, com 12 músicas autorais, o grupo meteoricamente faz parte da pauta 2010 do Sesc Instrumental, com apresentações marcadas para o dia 10 e 11 de abril. Sem a preocupação com rótulos e sim com a música, o grupo passeia pelo jazz, samba, choro, fusions e o experimentalismo, até pela variedade e diversidade musical de seus integrantes.

Urutau é composto por:


Estela Ceregatti (voz, percussão e vibrafone)
Jonh Stuart (piano, baixo acústico e voz)
Juliane Grisólia (percussão e voz)
Joelson Macaco (violão 7 cordas e cavaco)
Phellyppe Sabo (sax e flauta)
Tarcísio Júnior (bateria e vibrafone)


Data: 10 e 11 de abril
Local: Sesc Arsenal (salão social)
Hora: 20 hs

Ingresso: R$ 2 ou 1 litro de leite
Participação Especial: Ebinho Cardoso

o Urutau
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Intervalo de Quinta - 18 de Março 2010


Fotos da apresentação musical. Intervalo de quinta ocorreu dia 18 de março de 2010.

Estamos aguardando dados sobre os intergrantes para postar aqui.





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Lançamento CD Chronos


Focado na experimentação, o artista reúne composições de múltiplas sonoridades, incluindo flautas sagradas da etnia indígena Bororo, do interior de Mato Grosso.

Multiplicidade de tempos e a diversidade da experiência humana conduzem o mais novo trabalho do compositor Roberto Victorio: “Chronos”, cujo lançamento em março e abril ocorrerá em três cidades brasileiras, Rio de Janeiro, São Paulo e Cuiabá, sedes de importantes eventos de música contemporânea do país. Em cada cidade, um concerto diferenciado, com repertórios e músicos distintos.

No Rio de Janeiro, o concerto acontece às 20h, no dia 23 de março, na sala Alberto Nepomuceno – Unirio; em São Paulo, às 20h, no dia 26 de março, no auditório da Unesp, e em Cuiabá,em abril. Os concertos no Rio e em São Paulo têm entrada gratuita e serão gravados e editados em DVD para lançamento na capital mato-grossense.

Estudioso da música contemporânea, o maestro, compositor, músico, pensador e agitador cultural, Roberto Victorio rompe com o convencional, se entrega a novos caminhos, apresentando um trabalho focado na experimentação e na simultaneidade de tempos heterogêneos. “Chronos” (que significa tempo terreno em grego) tem o tempo e a relação temporal interna como principais elementos direcionadores nas obras.

Dividido em dois CD’s, “Chronos” é um ciclo que reúne 10 peças para distintas formações instrumentais, criadas a partir da temática multiplicidade de tempo, numa introspecção na musicalidade. As obras foram concebidas num período de quatro anos. Sua busca pela complexidade e múltiplas possibilidades o fez pesquisar, por exemplo, na etnia indígena Bororo, interior de Mato Grosso, sonoridade extraída das flautas sagradas. Para tanto, foram dois anos convivendo com os índios para conseguir conquistar a confiança deles a ponto de permitirem o contato com o objeto sagrado.

O instrumentista Pauxy Gentil-Nunes, do Amapá, que participa do CD, teve a experiência de manusear a flauta das almas, como é chamada pelos bororos.

“O uso de instrumentos de concerto misturados com instrumentos de outras culturas (como as flautas sagradas Bororo) evoca temporalidades construídas a partir de formas de vida antagônicas e muitas vezes incompatíveis”,
descreve Pauxy, que aprendeu a manusear as flautas com um feiticeiro da etnia.

Surpreendente, a música contemporânea revela composições em que os instrumentos parecem se multiplicar, remetendo quem aprecia a obra a uma percepção complexa, em que a oscilação temporal parece ampliar as possibilidades da manifestação das sonoridades do tempo real. Neste processo de relativização temporal, são ainda utilizados recursos “não instrumentais”, como assovios, efeitos percussivos, voz e a inserção de silêncios e sons gestuais.

Para materializar o projeto, Roberto Victorio contou com a participação de músicos experientes e premiados internacionalmente. São musicistas que executam de diversas maneiras os instrumentos, extraindo deles todo o seu potencial de existência. Um envolvimento intenso na interpretação da peça.

“Chronos permite o engajamento do instrumentista em atividades que o envolvem como pessoa, e não como simples máquina de produção sonora”,
explica Pauxy, acrescentando que são atividades que incitam o executante a trazer seu próprio tempo para a obra, construindo, junto com o compositor, a trama resultante.

“Chronos” conta com patrocínio da Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Importante apoio, considerando que a música contemporânea não é veiculada na mídia. “No mundo todo é cada vez mais difícil a sua difusão. A pessoa não degusta o que não lhe é oferecido. É uma luta contra tsunamis”, brinca Roberto Victorio.

Para ouvir a música contemporânea é necessário parar e se concentrar a fim de absorver toda a experimentação que ela lhe permite. Seus compositores são como guardiães de tesouros.

“Guardamos essas peças com muito cuidado para quando ocorrer uma próxima renascença”, completa o maestro.

Roberto ressalta que a musica contemporânea exige mais do músico, é um trabalho tão apaixonante que não se tem volta. “É uma experiência intensa tanto para músico como para a plateia”, afirma.

O maestro explica que nos séculos 20 e 21 surgiram dezenas de compositores brilhantes e estes ficaram na obscuridade total. “Nunca se teve tanta produção e, ao mesmo tempo, nunca se ouviu tão pouco. Nos últimos quatro anos, perdemos compositores importantes sem sequer a as pessoas terem conhecimento que existiam”, lamenta.


Trajetória

Roberto Victorio conta que desde moleque já sabia que seria compositor. Seu pai apreciava música e sua mãe era pianista. Aos 15 anos compôs a primeira música.

Concluiu o curso Superior de Violão na FAMASF-Rio e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro obteve os títulos de Regência (bacharelado) e Composição (mestrado). Foi professor de composição e orquestração do Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro; regente e diretor musical da Orquestra de Câmara do Rio de Janeiro; regente do Grupo Música Nova da UFRJ, até 1993 ; e bolsista da Fundação Rio Arte e Fundação Vitae para os programas de composição, respectivamente em 1996 e 2000.

Prestes a completar 50 anos, acumula dez CD’s gravados e como compositor tem em seu catálogo mais de duas centenas de obras executadas nos principais eventos de música contemporânea fora do país, tais como: Festival de Música Nova de Zurique, Hamburgo, Nova Iorque, Budapeste, Bourges, Grösnjan, Montevidéu, Santiago, Genebra, Estocolmo, Tóquio e Cluj Napoca; além de ativa participação em todos os eventos ligados à música contemporânea no Brasil, como compositor e regente.

O artista tem um currículo invejável com incrível reconhecimento internacional. Recebeu o 1º Prêmio no Concurso Latino Americano de Composição para Orquestra em Montevidéu (1985); Menção Honrosa no Concurso Internacional de Composição de Budapeste (1989); 3° Prêmio no Concurso Nacional de Composição para Violão de São Paulo (1990); 2º Prêmio no Concurso "500 Anos das Américas", para orquestra (1992) e 3º Prêmio no Concurso de Composição Bahia Ensemble-UFBa (1996).

Representou o Brasil no Seminário "Time in Music" em Grösnjan/Yugoslávia (1988), na Tribuna Internacional de Composição da UNESCO em Paris (1995/97/99), na Tribuna Internacional de Música da América Latina e Caribe (1997) e no Festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea, na Romênia (1999).

Sempre com um forte teor de ruptura, em 1994 foi maestro da Orquestra Sinfônica da UFMT por um ano. Experimentalista, provocador, compôs e interpretou composições de sua autoria com poesias de Wladimir Dias Pino, Silva Freire e Manoel de Barros.

Há dezesseis anos em Cuiabá, Roberto é professor titular da UFMT, atuando no Departamento de Artes; regente e diretor musical do Grupo Sextante - música contemporânea; e membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea. Doutor em Estruturação Musical na Universidade do Rio de Janeiro(UNI-Rio) com pesquisa voltada para a música ritual dos índios Bororo de Mato Grosso.

Músicos convidados

“Chronos” tem a participação de importantes músicos da cena contemporânea, como Paulo Passos (clarinete e clarinete baixo), Joaquim Abreu (percussão múltipla e marimba solo), Marcos Suzano (eletrônica em tempo real), Dimos Goudaroulis (violoncelo solo), José Feguri ( violoncelo), Rogério Wolf (flaut), Eduardo Gianesella (bateria), Ingrid Barancoski (piano solo), Marcilio Lopes (bandolim), Mateus Ceccato (violoncelo). O Quarteto Aroe traz os flautistas Andrea Ernest, Odette Ernest Dias, Tina Pereira (que participou da gravação, mas morreu no ano passado) e Pauxy Gentil Nunes (flautas bororo).

Confira mais em:


LANÇAMENTO DO CD CHRONOS

23 de março de 2010 - Rio de Janeiro/RJ
Sala Alberto Nepomuceno - UNIRIO - 20:00 horas
Av. Pasteur 436f - Praia Vermelha


26 de março de 2010 - São Paulo/SP
Teatro de Música da UNESP - 1º andar às 19:30 horas
Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271 - Varzea da Barra Funda


22 de abril de 2010 - Cuiabá/MT
Auditório do Instituto de Linguagens às 19:00 horas
Universidade Federal de Mato Grosso
Av. Fernando Correa da Costa, 2367 - Boa Esperança



Abaixo segue um vídeo de Chronos II, gravada por Andrea Ernest (flauta) e
Marcos Suzano (manipulação de efeitos) para o programa Instrumental SESC Brasil.


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É possível roubar Música?

É possível roubar música?

"Pode-se falar eventualmente de utilização sem autorização, mas não de roubo." Veja entrevista do prof. Pedro Paranaguá sobre Internet, liberdade de expressão e propriedade intelectual para o Instituto Humanitas Unisinos (IHU):

Direitos autorais são bens não-escassos. Entrevista especial com Pedro Paranaguá - 07/12/2009

“Direito autoral não é uma propriedade tradicional. Direito autoral é composto por bens não-rivais. Ou seja, ao contrário da propriedade material, tradicional, o meu uso, usufruto ou gozo, não exclui o uso de outros”, afirma o professor Pedro Paranaguá, em entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line.

Ele continua explicando: “Direitos autorais deveriam ser tratados de forma diferente da propriedade material tradicional. Não tem como falar em roubo de algo imaterial. Roubo de uma música. Pode-se falar eventualmente de utilização sem autorização, mas não de roubo. Por quê? Porque roubo ou furto implica a subtração de algo, de outra pessoa. No direito autoral, o autor ou o titular da obra continua tendo o bem, afinal é um bem não-rival”. Afinal, segue ele, “os direitos autorais servem para incentivar a criatividade e a disseminação de entretenimento e cultura. Não o controle. Portanto, temos de pensar se os direitos autorais têm servido para esses fins (criação e disseminação) ou se têm sido utilizados para manter o status quo e o modelo de negócio de poucos (porém poderosos). Parece ser necessário um maior equilíbrio, com remuneração não apenas à indústria autoral, mas também aos autores, bem como uma efetiva disseminação cultural e benefício para os consumidores finais”. E dispara: “A liberdade de expressão é condição essencial para uma sociedade livre, igualitária e rica culturalmente. No momento em que leis de direitos autorais passam a limitar tais expressões, algo está errado”.

Pedro Paranaguá é mestre em direito da propriedade intelectual pela Universidade de Londres e doutorando na mesma área na Universidade de Duke, Estados Unidos. É professor da Fundação Getulio Vargas - FGV-Rio e co-autor dos livros Direitos Autorais (Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009) e Patentes e Criações Industriais (Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009).

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Qual sua opinião sobre o compartilhamento de arquivos pela Internet? Que comportamento social essa iniciativa evidencia?

Pedro Paranaguá - O compartilhamento via redes peer-to-peer (P2P) é uma tecnologia incrível para a troca de arquivos. É muito eficiente e muito mais rápida. Isso encurta as distâncias e elimina consideravelmente custos na distribuição. Elimina, junto, o papel de intermediários (distribuidores). As redes P2P nasceram no meio acadêmico, para troca de pesquisas científicas. Hoje, como todos sabem, é muito utilizada também para troca de arquivos protegidos por direitos autorais. Por um lado, pode gerar dor de cabeça para a indústria do conteúdo, afinal de contas, ameaça o tradicional modelo de negócio da indústria do entretenimento. Por outro lado, é um inegável avanço tecnológico, além de gerar bem estar social, conforme comprovado empiricamente por recentes pesquisas econômicas da Universidade de Maastricht, bem como em outro estudo independente feito por encomenda do governo holandês.

IHU On-Line - O que muda em relação ao conceito de propriedade e de direito autoral com as novas tecnologias e com a Internet?

Pedro Paranaguá - Esta questão é importantíssima. Por isso começo com uma historinha para ilustrar: se temos um celular e duas pessoas, enquanto uma delas utiliza o celular, a outra não pode usá-lo, tem de aguardar. Se temos a música Stairway to Heaven e duas pessoas (ou mil pessoas), elas poderão escutar a música ao mesmo tempo (ainda que em lugares ou até mesmo países diferentes). O que isso significa? Que direito autoral não é uma propriedade tradicional. Direito autoral é composto por bens não-rivais. Ou seja, ao contrário da propriedade material, tradicional, o meu uso, usufruto ou gozo, não exclui o uso de outros. Tal como no caso do celular. Além disso, direitos autorais são bens não-escassos. Ou seja: o uso contínuo do bem não o diminui, não o desgasta. Portanto, direitos autorais deveriam ser tratados de forma diferente da propriedade material tradicional. Não tem como falar em roubo de algo imaterial. Roubo de uma música. Pode-se falar eventualmente de utilização sem autorização, mas não de roubo. Por quê? Porque roubo ou furto implica a subtração de algo, de outra pessoa. No direito autoral, o autor ou o titular da obra continua tendo o bem, afinal é um bem não-rival. Além disso, você nunca vai perder a propriedade do seu celular, do seu carro ou da sua casa depois de X anos. Já o direito autoral, apesar das várias extensões recentes, tem prazo limitado, o que a propriedade tradicional não tem. A suprema corte alemã, acertadamente, entende que direitos autorais não são uma propriedade tradicional, mas sim um tipo (diferente) de propriedade. As novas tecnologias evidenciaram mais ainda esses fatores de não-rivalidade e não-escassez. O mundo digital mostra que uma cópia ou mil cópias podem ser idênticas, muito baratas e, ainda por cima, não exclui o uso de terceiros.

IHU On-Line - Qual sua visão sobre a pirataria e como ela se contrapõe à questão da propriedade intelectual?

Pedro Paranaguá - Eu prefiro o termo cópia não autorizada. O termo "pirataria" tem cunho emocional e ideológico muito fortes. Remete aos saqueadores (às vezes sanguinários) que eram financiados pela coroa inglesa para subtrair bens de nações vizinhas. Como eu disse acima, a cópia de uma música, ainda que não autorizada, por exemplo, não constitui subtração, portanto, não é roubo ou furto, no sentido estrito da palavra. Não estou, em hipótese alguma, incentivando a cópia ilegal. Mas é preciso diferenciar a retórica propagandista dos fatos reais. Não creio que a cópia não autorizada se contraponha, necessariamente, aos direitos autorais.......


Entrevista com Prof. Pedro Paranaguá
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